Teatro

Capa do disco do cantor country Willie Nelson, intitulado "Teatro". A imagem mostra um pequeno teatro de beira de estrada nos Estados Unidos, com letreiro vermelho na fachada.

Esses dias escutei uma entrevista com o músico, compositor e produtor Daniel Lanois no podcast Broken Record. Famoso principalmente pelo seu trabalho de estúdio com o U2 ao lado de Brian Eno (Joshua Tree, Achtung Baby), Lanois também é lembrado por ajudar a moldar dois álbuns marcantes da carreira de Bob Dylan: Oh Mercy, que fechou uma fase rica, ainda que conturbada na década de 80 (e que Dylan foca bastante na sua auto-biografia) e Time Out of Mind, que para muitos é o seu último álbum de grande impacto. Ele também trabalhou com muitas outras lendas, incluindo Neil Young, Emmylou Harris e tantos outros.

Na conversa com o apresentador Justin Richmond, Lanois fala sobre sua formação musical, tocal pedal steel e conta histórias de bastidores. Até então eu ignorava a parceria que fez com Willie Nelson, produzindo o álbum Teatro, lançado em 1998.

Teatro é composto na sua maioria por músicas que já haviam sido gravadas por Nelson em algum momento da sua longa carreira, que segundo contas não-oficiais contém algo na ordem de 152 álbuns. O repertório também inclui uma música de Lanois, “The Maker”, que é um pontos altos e um dos diversos duetos com Emmylou Harris:

O estilo de produção é inconfundível. Conhecido também por basicamente fundar o gênero ambient music junto com Brian Eno, Lanois não consegue fugir de ser chamado de atmosférico. Mesmo que em suas gravações ele busque fazer tudo em poucos takes e na maioria das vezes captando performances ao vivo, há uma imensa atenção na preparação prévia que podem muito bem lhe conferir o título de Gerente de Climão. Na entrevista ele reforça esse papel no trabalho com Dylan e ainda comenta sobre os detalhes do processo com Willie Nelson, que incluiu alugar o teatro que dá nome ao disco e encher o lugar com balcões, mesas e estantes de bebidas que trouxessem a vibe dos salões de baile onde o cantor costumava se apresentar no início da carreira.

Uma última coisa que vale a pena ser destacada: o som de bateria desse disco é incrível. A instrumentação em si é bastante simples, o que dá um papel absolutamente central à percussão. Lanois também fala sobre como o ritmo é geralmente o ponto de partida para criar o flow que ele tanto busca nos artistas para só daí pensar em apertar o botão e anunciar que está gravando.

Bônus: Wim Wenders produziu um mini-doc e o registro das gravações de Teatro. Tem na íntegra no Youtube.

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